Profissionais que trabalham na área educacional em todo o país reuniram-se na semana passada em Foz do Iguaçu, no 23º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Educação a Distância. O tema “metodologias ativas” esquentou as discussões entre representantes dos mais diversos setores: escolas, faculdades, universidades corporativas, editoras e fornecedores de tecnologias.

Nos debates de que participei, a maioria compartilha a visão de que as metodologias ativas vieram para ficar, embora revolucionar a sala de aula não implique necessariamente abandonar por completo o modelo tradicional. Ensinar na cibercultura requer estimular o estudante a se envolver com o conhecimento e aprender de forma cada vez mais proativa, o que depende da integração de estratégias didáticas, de acordo com cada objetivo pedagógico.

Ou seja, não se trata de usar métodos ativos por mero modismo ou por pura experimentação, no improviso. Para cada estratégia didática, há metodologias mais apropriadas do que outras, com resultados específicos.

Por exemplo, se o professor busca problematizar questões e desenvolver competências ligadas à postura investigadora, reflexão crítica e busca de soluções criativas, o PBL (aprendizagem baseada em problemas) e os estudos de caso costumam funcionar bem. Se pretende reforçar competências de relacionamento interpessoal, capacidade de diálogo, respeito às diferenças ou habilidades de comunicação, as dinâmicas de grupo podem ser eficazes. Atividades de simulação e de laboratório seriam preferíveis para a experimentação de conhecimentos práticos.

Nessa diversidade de métodos há lugar para a arte, como por exemplo em trabalhos com role-playing, encenações teatrais ou apresentações musicais. E, por que não, para a exposição do professor, seja em videoaulas ou presencialmente, quando se requer expor um conteúdo ou explicar uma resolução de um desafio para todo o grupo. Tudo muito bem encadeado por uma trilha de aprendizagem consistente e o mais personalizada possível.

A educação a distância – modalidade que mais cresce no país no ensino superior – está ajudando a acelerar as mudanças na sala de aula tradicional. Mas não no padrão totalmente online. No congresso, confirmei uma tendência para modelos híbridos, nos quais o estudante tenha atividades a distância, com vídeos e exercícios interativos, e também encontros presenciais. Esse movimento valoriza o professor, que pode aproveitar os momentos com a turma para atividades mais ricas do que exposição de conteúdos, como debates, orientações e avaliações.

O desafio da educação a distância dos próximos anos, para implementar plenamente as metodologias ativas, está menos nas tecnologias e mais nas competências de alunos e professores. Do aluno, precisaremos mais autonomia, autodisciplina e uma certa maturidade. Do professor, que atue como um arquiteto cognitivo, selecionando os melhores materiais e estratégias para cada momento da trilha de aprendizagem.

Fonte: G1